Em uma caixa me guardaste
meu pó me limpaste e o papel quente
das conversas sinuosas lhe juntaste.
Em uma caixa me encaixotaste
e a encaixar-me te decidiste
juntar-me às sobras de teu passado.
Em uma caixa me guardaste
e a arquivar-me te decidiste.
Pés, mãos, cabelo!
Cada qual para seu lado.
Unhas dentes e ossos!
Outros tais para seu canto.
Em uma caixa me separaste,
minha pele pelo teu corpo riscada
observaste, e escolheste o que a ti
mais te convinha guardar.
A pele dos invernos que te aquecia.
A pele dos verões arrefecidos e encharcados,
e até mesmo a pele que de mais íntimo te
tocara.
Em uma caixa me salvaste
minha caveira me quebraste,
e a meu cérebro chegaste
para minha memória analisar
e com a tua a comparar.
Sangue suor e lágrimas,
cada qual em mais territorial coabitação.
Sintetizas, codificas e optimizas,
e em tua caixa me guardas.(arquivas)