A morte vive em mim

Há muito que a morte me procurou,um recortado recanto,para em mim viver entretanto. Sinto-a suja, a prever devorar-me(de dentro para fora) A metade de mim já ocupada se mostra,escondendo o que removeu de meu controlo. A luz da minha metade apagada,Deixando na sombra o que me deixa, O que resta de meus restos. De olhos mastigados, numa ocupação constantese arrasta, …

Contam-se as teias de uma vida

Entalham-se tralhas de inacabadas veias de teias que se esvaiam sem fim,destruídas vidas que se encaixam instruídas, como depressa se evaporam.Encontram-se sentidos sem sentido, os tecidos brancos que se caem entre si,cortando-se partidos em nacos esquecidospelo bafejante vendaval que se esquece e aquece. Espreme-se um final pensamento, um lascar da seiva construtora. Desse será num esgar temperado pelo vento, restarão …

cantos

Escondo a escrita pelos cantos da casa derrapam sólidos mistérios pelos fornos quentes que brilham corto cantos em redor

Árvores que falam

As árvores que falam escrevem cartas de amor no vento.Dançam a melodia dos pássarosQue cócegas fazem por entre os seus ramos. (Como se deixam lavar pela chuva que espreita pela cálida festa,Que se faz ouvir na floresta.) Esfregam ronronares vazios que se acolhem num desfolhar mágicoDe receita feita pelos mais vitrovianos paladares.

Debulhadora da Devastação

A Debulhadora da Devastação Ensombra o assombro da criação Acorda o silêncio da reacção Devora o imundo mundo da satisfação. Encontra as lombrigas ensombradas pelas términas térmitas, que se passeiam acotoveladas pelas cheias.

Gigantes das obras ociosas

Os gigantes das obras ociosas São como torres que tombam. Se assopradas no ângulo certo. Engolem o orgulho e seguem envenenadas. São como lombrigas num chão acetinado. Sobram as sombras das urtigas queimadas. Que num passado inverno reluziam condenadas. Assemelham-se a um distante caixão, que no seu entalhe corpóreo se finalizam em terra.

O meu nome é Touro

Vivi em tempos nas frescas montanhas acariciando no interior da minha boca o Sol capturado pelo verde que nelas vive. Vivo agora no mundo dos Homens (que engoliu o meu). Onde o mesmo há muito se esqueceu (que vive no meu). Dizem que o dia para o qual nasci chegou. Mas as línguas dos Homens são bandarilhas que cravejam a …

BIOS

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Reflexions

Pingos de luz os agarras tu , com eles meus olhos os serpenteias e penteias, misturas-te tu nas tuas frias lavadas lágrimas com que me dás a beber as minhas tão tuas lembranças. Por cima da tela de teu passado cresce germinante a vida que te corta e que te pouco importa, aquela que tu simplesmente embalas e que teu …

Chuva de Quinta-Feira

Abro minha janela, pego em minha sacola, saio em beijo sujo raspado no breve rosto de minha mãe, respiro um breve olhar e saio sem ver. Ao fundo das escadas parava o velho casmurro de sempre. – Uma senha por… favor – Já desviava o olhar. – Quanto é ? Por baixo jorrava a água da chuva que batia em …