Contam-se as teias de uma vida

Entalham-se tralhas de inacabadas veias de teias que se esvaiam sem fim,destruídas vidas que se encaixam instruídas, como depressa se evaporam.Encontram-se sentidos sem sentido, os tecidos brancos que se caem entre si,cortando-se partidos em nacos esquecidospelo bafejante vendaval que se esquece e aquece. Espreme-se um final pensamento, um lascar da seiva construtora. Desse será num esgar temperado pelo vento, restarão …

Penitência

Segurando tocando meus ossos Esmagados os derroto Derretendo tomo teus esboços Emaranhados os corto. Seja feita a vossa vontade Apagando todas cinzas, Acendo então minha verdade Corcundo as nossas vidas. E mostrando vontade verdade E então paro, exploro. Destilo sem não minha cidade Me conjugo me imploro. E me crucifixo, desloco-me E paro, escuto, olho, E traço desnudo, orgulho-me! Então …

Jangada

Queimo por entre meus dedoso morrer da água caladaacostumo minha carne sobrea doce jangadaà qual deito meus lençóise estendo minha cama. colho o sibilar do cristal-mármoreque teima em deixar seus sulcos riscadossobre a queimada ardente que seivaem sua frente o desenhar de seus troncoscavados. rotundo sobre o suor práticoe vulgar da salvaguardaqueixosa que em negros perfumes.se esquece e falece. sonhos …

gaya

Acendo um ultimo adeus por e quanto apago a primeira amarra que teu me toma. destilo minha pele enquanto enxugo um toque teu que tão depressa te corre, meu corpo. queimo lágrimas sobre o vale que em minha pele se esconde, vejo minha chama arder sobre teu amalgo fluído que de tua garganta segregas e sufocas o cruel beijo… eu, …

Incêndio

Em quarto acordado me queimava eu já sentado sobre o derramado osso de meu lascado soalho. Enterro meus dedos sob castelos de cinza envolvente, feitos de memória aquecida de lembrar esquecida. Teço pegadas em alegrias de passados passos de lágrimas cobertos. Destapo meu pensar de saborosos saberes eternamente gastos pelo latejante carvão coberto. Lavo em vão as carcaças fumegantes, tentando …

Caixa

Em uma caixa me guardaste meu pó me limpaste e o papel quente das conversas sinuosas lhe juntaste. Em uma caixa me encaixotaste e a encaixar-me te decidiste juntar-me às sobras de teu passado. Em uma caixa me guardaste e a arquivar-me te decidiste. Pés, mãos, cabelo! Cada qual para seu lado. Unhas dentes e ossos! Outros tais para seu …

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Perdido na multidão te encontro semelhante a mim diluído e esquecido pelo embaraçado mar que nos movimenta em ondas tímidas que bem serviam nosso amor. Sacudo meu já envelhecido e sujo pó de meus sapatos, pelo cristalino suor calçados e calcados de uma saliva saliente em uma eterna estrada de gente, emaranhada em surgidoaparato aperto de parto. Golpeio feridas em …

Engulo Gente

Engulo avidamente esfomeadopessoas de mil sabores.( Obtusas, elementares e em salconservadas ) Sinto o estalar da carnede genes de gente germinante,que ruminantemente guardoentre o meu estomacal desejo. Como se derretem vaporizandovapores de múltiplas cores,aquelas que se fazem pintarcomo flores de minha flora. Pelo gigante vermelhonavegam agora,como por jangadas de ferrose fazem chegaràs muralhas de meu cérebro. Em vão lavo-me em …

Jardim de Ferro

Caem frias as abóbadas de ferro,
aquelas que caem em meu jardim,
como se acotovelam sedentas do enterro
no sepultar do sepulcro sagrado das
ferrugentas entranhas de meu jardim.