Contam-se as teias de uma vida

Entalham-se tralhas de inacabadas veias de teias que se esvaiam sem fim,destruídas vidas que se encaixam instruídas, como depressa se evaporam.Encontram-se sentidos sem sentido, os tecidos brancos que se caem entre si,cortando-se partidos em nacos esquecidospelo bafejante vendaval que se esquece e aquece. Espreme-se um final pensamento, um lascar da seiva construtora. Desse será num esgar temperado pelo vento, restarão …

Gigantes das obras ociosas

Os gigantes das obras ociosas São como torres que tombam. Se assopradas no ângulo certo. Engolem o orgulho e seguem envenenadas. São como lombrigas num chão acetinado. Sobram as sombras das urtigas queimadas. Que num passado inverno reluziam condenadas. Assemelham-se a um distante caixão, que no seu entalhe corpóreo se finalizam em terra.

Canção de Embalar ( Ao som de Lullaby – The Cure )

Caio em minha jangada de sono despejo minhas verdades e adio minhas vontades. Sob um céu de estrelas me apanho, semeando saberes debaixo de um soporífero olhar, esperando ser devorado por um milhar de tacteantes joões pestana. O fino vento embala o entrelaçar do meu olhar, soltando sotaques de gentes em meu redor murmurados. No meu sonho te procuro saboreando …

Penitência

Segurando tocando meus ossos Esmagados os derroto Derretendo tomo teus esboços Emaranhados os corto. Seja feita a vossa vontade Apagando todas cinzas, Acendo então minha verdade Corcundo as nossas vidas. E mostrando vontade verdade E então paro, exploro. Destilo sem não minha cidade Me conjugo me imploro. E me crucifixo, desloco-me E paro, escuto, olho, E traço desnudo, orgulho-me! Então …

Fotografias de ti ( Ao som de Pictures of You – The Cure )

Passando pelo passado te vejo, em embaraçado desejo. Como te vejo vivamente mais viva do que me recordaria agora. Despejo em meus olhos, a tua imagem, lavando a minha recordação eterna, como agora se aparenta brilhando ao relento de um ar temperado.

Jangada

Queimo por entre meus dedoso morrer da água caladaacostumo minha carne sobrea doce jangadaà qual deito meus lençóise estendo minha cama. colho o sibilar do cristal-mármoreque teima em deixar seus sulcos riscadossobre a queimada ardente que seivaem sua frente o desenhar de seus troncoscavados. rotundo sobre o suor práticoe vulgar da salvaguardaqueixosa que em negros perfumes.se esquece e falece. sonhos …

Sol

Em prisma disparas inseparáveis mil cores que depressa seduzes em bailarinos de luzes. Descubro-te a ti entre um tocar de um fá e um grito lá lamentado. Corpo celestial de gosto salgado que solidifica meu coração salvado. Ofereço-te meu corpo para que o possas pela tua luz rasgar, entre a carne que o compõe pedaços de traços teus agarrados encontrarás. …

gaya

Acendo um ultimo adeus por e quanto apago a primeira amarra que teu me toma. destilo minha pele enquanto enxugo um toque teu que tão depressa te corre, meu corpo. queimo lágrimas sobre o vale que em minha pele se esconde, vejo minha chama arder sobre teu amalgo fluído que de tua garganta segregas e sufocas o cruel beijo… eu, …

Incêndio

Em quarto acordado me queimava eu já sentado sobre o derramado osso de meu lascado soalho. Enterro meus dedos sob castelos de cinza envolvente, feitos de memória aquecida de lembrar esquecida. Teço pegadas em alegrias de passados passos de lágrimas cobertos. Destapo meu pensar de saborosos saberes eternamente gastos pelo latejante carvão coberto. Lavo em vão as carcaças fumegantes, tentando …

Caixa

Em uma caixa me guardaste meu pó me limpaste e o papel quente das conversas sinuosas lhe juntaste. Em uma caixa me encaixotaste e a encaixar-me te decidiste juntar-me às sobras de teu passado. Em uma caixa me guardaste e a arquivar-me te decidiste. Pés, mãos, cabelo! Cada qual para seu lado. Unhas dentes e ossos! Outros tais para seu …