Portugal cai

Portugal cai de um arranha-céus

a gritar Vitória

em todas as janelas

 e em todas as janelas

há gente a gritar-lhe que cai

e ele cai a pensar que voa

e voa a pensar que grita

e grita a pensar que se ouve

e ouve-se a gritar que não pensa

e não pensa a cair que só cai

e só cai porque se põe sempre na berma

para (não) cair.

Portugal cai de um arranha-céus

A que só deu mão-de-obra barata

E faz-se de grande também em só lá chegar com um foguete.

Portugal não semeia nem colhe.

Existe entre o semear e o colher

Como um jardineiro de relvas

E fode amiúde (bem fodida

e despertando amor)

A filha de um colono.

De ganância acusado,

Portugal rasura tudo,

De tudo se abnega e de toda a gente,

Posto a ouvir-se num fado…

E à última da hora,

Sempre o salva uma estrangeirinha…

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